PALAVRAS (LAST SUMMER)
Dou-te beijos com os olhos divididos
que são as partes que se não sobram
dando-te o interior do meu repouso
nestes momentos que existem no silêncio
como se a alma tos cantasse em segredo.
E porque só uma palavra teria bastado
para reescrever as memórias
nunca mais soube se me tinhas roubado…
ou se me devolveste ao que já era
para que as palavras não fossem suficientes
e houvesse uma morte no coração.
Como uma faca trancada num golpe
num qualquer peito onde se aperta um medo
à espera de um outro medo
escrevendo o meu num nome teu
alimento esta boca onde se morre de ausência
com pedacinhos de memória pendurados
e, já agora…não tornes a respirar tão longe
não tornes a gemer mais longe das mãos
que te chegaram com urgência.
Há certos dias em que isto dói,
dói-me esta vida, os sussurros e até os abraços,
batida que estou de estar comigo
e de a ver sem dó desabar
em cima de um qualquer destino.
Avanço para ti, dispo-te, agarro-te
e mordo o sangue do que vês em mim
um desejo assim que quer que viva
e dure até que seja tarde vindo refrear os teus impulsos.
... Xiiuuuu…
...contigo há momentos em que as palavras
não passam de meros ruídos inúteis.
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