OUTUBRO
Sei o quanto queria acreditar
e dar-te sossego.
Mas entrelacei-me
e fiz-te crescer o corpo.
Chamei-te amor
porque estremeci à tua passagem.
Como pode esta alma arrebatada deixar fugir um sorriso,
indizível,
escapado dos lábios, a fixar-se no teu olhar?
Como podem as mãos, ora vorazes ora ternas,
tecerem
esta teia de seda que me envolve a pele
e da qual os teus dedos são
sábios artesãos?
Como posso eu, fraca mortal,
sentir assim em mim eternidades?
Podes serenar porque o meu corpo te reclama
e a minha alma aspira ao nó que nos une,
neste entrelaçar de valsa lenta
dançada nos teus lábios em movimentos suaves
e na tua língua
de modo ousado.
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