DANÇAR
Ao de leve, quase sem notar,
pegaste-me na mão
e lá fui eu atrás do teu
desejo de rir.
Levaste-me a dançar na tarde que falou de mim,
que se lembrou que estava rouca de silêncio.
Não te reconheci a cara mas senti os meus olhos
e o cheiro conhecido que trazias na alma.
Baralhaste tudo, tornaste a dar e as cartas estão espalhadas
aos meus pés.
Pensei que sabia tudo de cor
e agora torço as mãos uma de encontro à outra
como se esperasse um exame para o qual não estou preparada.
Se estender as minhas mãos para ti e soltar, enfim, a poesia
passarás a saber de cor as minhas mãos cruzadas entre o
silêncio do nada e o bater de um coração.
Ris-te, fazes-me cócegas com os olhos e ouço os teus
pensamentos como se me abraçasses às escuras.
Rio alto contigo sentindo a dor das ausências.
<< Home