PONTES
Antes de ti não era fêmea
e não tinha número na porta.
Antes de ti não era fêmea
e não tinha número na porta.
O sangue fervia-me nas veias
só à passagem do que era ser mulher.
Batia compassado o coração, certo, por vezes avulso.
Antes de ti era crescida,
não tinha medo, respirava todos os dias
e as partes de mim eram minhas.
E o que ficou?
O teu molde ou o teu sangue a correr e a bater-me nas veias?
O teu sangue não e o teu molde desfaz-se quando se agarra.
Ficou a memória a meio caminho de um beijo
e de uma desculpa não dita
guardada no lugar das coisas lentas,
a meio da ponte, a meio de mim.
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