Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

sábado, janeiro 21, 2012

TRECHO DE UM TEXTO (3)




É espantoso!

Amo-te cada vez mais e cada vez mais te sinto longe. Perdida de mim. Como se o desengano fosse fatal. Como se a vida te tivesse enganado. Como se começasse a ser difícil suportar esta realidade dolorosa e não esperada. Como se já nada valesse a pena. Mas não desistas meu amor, mostra-me, mais uma vez, o teu interior.
Sei o que sentes: o esforço, pelo esforço. O estar pelo estar. E o desejar que algo, lá do infinito, arrume outro destino.

Quem me dera que os meus olhos me mentissem e os teus se iluminassem.
Quem me dera que este teu sono me trouxesse, um dia, de volta os teus queridos abraços.
Não sei se é por ter vivido sempre à procura de outro destino que hoje descubro tristeza e dor em quem eu amo. E não sei ajudar-te,  além de ir fugir cobardemente...além de saber baixar os olhos e nem sequer conseguir despedir-me com palavras. Não vais entender a minha cobardia, o meu egoísmo e a minha fraqueza. Eu que sempre tentei mostrar-me forte e corajoso aos teus olhos por tanto te amar.

A primeira vez que lutei, de facto, contra o meu "caminho" foi quando te conheci.
Tu representas sempre a diferença. O direito a ser feliz, pelo menos um instante. E se por alguma razão fechares tu hoje a porta, já terá valido a pena.
Tocar-te, olhar-te bem nos olhos, perder-me neles, sentir o teu sorriso tem as cores do paraíso.
Tenho pena de não poder escrever no céu que te amo.
Tenho pena de não poder dizer a toda a gente que te tenho e te quero cada vez mais.
O meu amor por ti tem cores. E fica cinzento quando te sinto longe e a sofrer.
Claro que sei que estes últimos meses não têm sido fáceis. Sei o quanto a dor encobre o gostar, quanto o sofrimento mata o estar, por demais que seja a cumplicidade, o querer e o nosso amor. 
Não te direi nada, iludir-te-ei com o tempo, mas vou fugir de mim. Sem palavras, sem que saibas porquê para além do egoísmo e da cobardia que agora já deves conhecer.