PRIMEIRO CAPÍTULO
Sentava-me numa secretária antiga
com uma grande janela em frente
e sabia que queria ser escritora.
Escrevia em folhas de papel meio amarrotadas
que acolhiam a torrente de palavras que se desprendiam
da mão direita
vindas do ventre.
Era um rio que brotava águas infinitas
e tentando equilibrar-me num pequeno bote
remava até à margem mais longínqua
aprendendo a sentir-me.
O que escrevia começava ali
espalhando-se pelo deserto fora
onde a verdade passava também pelo silêncio.
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