MOMENTO
Identificado com a espessura da memória
vi-te nas cartas que ontem caíram
no tampo da mesa.
Derramas gotas de água pelo chão
pintando uma amargura escura
povoando os claustros do meu rosto.
Buscas salvação para o que não há em ti,
procurando nos meus olhos o mar infindo
finito já nos teus.
Esquece-me pois aprendi a cantar
neste lugar onde o ar é vasto demais
para um choro que não apaga as perdas.
O lugar interior é agora inquebrável
ousando sonhar todos os dias,
ao teu contrário.
Desmonto-te para ser autêntica
e suporto acusações para não trair a alma
conseguindo perceber a beleza
que não é bonita todos os dias.
Foi um momento vazio.
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