VEM!
Pois quando amo
amo assim.
Sem dor, sem mágoa e
sem esperar o amanhã que pode ver-nos.
Vem!
Vê-me com as mãos de quem não sabe
como se de um cego se tratasse,
toca-me com os lábios do tempo que não pára
lábios sem tempo que não sabem.
Vem!
mas não te recordes de ti
chega-te sem teias nem aranhas
que o meu corpo é de veludo cor de sangue
até ao amanhecer do que chamas amor.
Vem!
E não me deixes dormir
pois para a eternidade já pouco falta
e nós, de bocados feitos,
chegaremos lá depressa.
Vem!
Não olhes para trás de ti
nem por detrás do véu que uso quando amo
de espuma feito para te embalar
como embalam as sereias os marinheiros.
Vem!
Por ti e por mim vem ter comigo
e emaranha-te nos meus cabelos cor de fogo
nos meus pelos cor de mel
e no perfume que de dentro exalo para te prender.
Vem!
vem que te quero ter
Vem que me quero assim
Vem que te quero amar
sabendo que serás o único e o melhor
Vem!
Foste marinheiro do meu desassossego
da juventude, do medo, do ciúme
e do meu sossego agora és filho e enteado.
Vem!
E deixa-te afundar nas veias do meu pescoço
no abraço do meu colo.
vem que te preciso amar
hoje.
Depois não te lembres mais de mim
olha-me e reconhece-me tão somente
como a matriz do teu destino.
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