Olho mais uma vez pela janela do avião.
Lisboa vai desaparecendo por entre as nuvens enquanto ganhamos altitude.
Ao fazer a curva para corrigir a rota rumo a Madrid observo a cidade onde deixo tudo para trás.
Respiro fundo e diante dos meus olhos vai-se dissolvendo o pensamento.
Andava há vários meses a tentar destapar o peito e esta cidade destino é fantástica para isso.
Vou escrever mais um pequeno parágrafo da minha vida e, desta vez, a memória não vai precisar de o rasurar.
Chegaste-te à luz do candeeiro das palavras e leste-me devagarinho
como quem enrola a língua noutra língua
uma página noutra página.
E assim me foste lendo e à canção dos meus lábios.
Estacionarei o coração num lugar seguro e na rota das mãos a porta estará aberta.
Voltarei com beleza na bagagem.
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