23 SETEMBRO - 10h 05m
ou equinóceo do Outono
ou equinóceo do Outono
A pele branca contrastava com a luz anoitecida que entrava pela clarabóia.
Uma manta carmim, que mal te cobria a vergonha, resvalara desnudando-te as coxas arredondadas de mulher feita pelo amor tomado como seu.
Olhos semicerrados em que o sono vinha e ia por amares assim, ali, sem avisar, sem precisar, só porque sim.
Afastei-te os cabelos para te beijar a face afogueada.
Voltaste-te ao meu beijo agarrando-me os lábios com os dentes, de mansinho, com a meiguice que só tu tens quando está apaixonada e crente.
A manta ia resvalando para o chão devagar. Ficaste nua. Nua para mim mais uma vez.
Abraçámo-nos sabendo que chegaria um qualquer fim.
Enrolados um no outro ameaçámo-nos com carícias amedrontadamente numa dança do não e do sim, do deixo e não deixo que me trazia sempre louco de desejo.
Rendeste-te finalmente e eu também.
Ontem, como hoje, sabíamos haver um instante em que o sol cortaria o equador celeste e a noite seria igual ao dia.
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