MADRUGADA
No final das
palavras há o silêncio.
Depois das
palavras estendem-se sonhos, vontades e futuros. Traçam-se rumos certos em mapas
descobrindo um mundo desenhado.
- O mapa? Achei-o ali, na chuva desta manhã, onde ainda
se veem duas pegadas de água.
- Ainda é cedo, vem deitar-te.
Ela tamborila
com as almofadas dos pés pelo soalho fora até à cama, sorrindo.
Ele olha o
esvoaçar da queda do vestido.
Atira-se e ele
recebe-a.
Envelhecem os
dois, só de noite, embalados às escuras ao som do vento nos penhascos, das
sirenes, dos naufrágios, dos incêndios, dos gritos que teimam em não se afogar.
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