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O teu postal do Vimeiro chegou hoje às minhas mãos.
Senti-o frio, distante, vindo de muito longe. Senti a tua tristeza e a tua ânsia de vida. Senti naquela meia dúzia de linhas a ânsia de liberdade; nunca ta tentei tirar, antes foste tu que se enredou. Mas, por isso mesmo, tomei uma decisão, vou suspender estas notas difíceis, vou ajudar-te a soltar-te da teia que te faz sofrer; até que me chames, até que precises de mim.
Não confundas a minha atitude com deserção ou abandono; estou junto a ti minuto a minuto, hora a hora, mas se souber, sem interferir na tua vida, solitária mas viciante, prestes a estender-te a mão logo que ma peças.
Se o meu amor nada mais pode permite, ao menos, que seja um olhar silencioso.
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