CÉU DA BOCA
Não te ensinei a aquietar-me mas insistes em me dar a provar os prazeres do teu domínio, do treino do prazer contido e mandado.
Lambo a almofada quando me empurras como se não soubesse quem és ou quem vais ser desta vez.
Com os lábios roçados e doridos à tua passagem tento vergar-te ao suplício do desejo, sem que o consintas.
Mas não, ainda não te rendes nem me roubas.
Já cravada e dormindo sobre mim mexes-me no cabelo como quem ama uma miúda acabada de nascer. A quem não conheces, de quem não sabes a cor da alma.
Não sei mais o que fazer contigo... nem em que lado da cama dormir.
Queres engravidar-me da vida pedindo-me
tudo o que a terra pediu à chuva que jorrou do céu hoje à tarde.
Esgueiro-me para o lado direito da cama onde dormes quando
estás comigo agravando cada vez mais a minha culpa desta curva desvairada sem
retorno.
Não te ensinei a aquietar-me mas insistes em me dar a provar os prazeres do teu domínio, do treino do prazer contido e mandado.
Lambo a almofada quando me empurras como se não soubesse quem és ou quem vais ser desta vez.
Com os lábios roçados e doridos à tua passagem tento vergar-te ao suplício do desejo, sem que o consintas.
Viro-me,
finjo que não te vejo e que não sabes quem sou...não te mostro os olhos, não te
dou os lábios, só me vês os semicírculos lunares e nervosamente pressentes o
limite.
Mas não, ainda não te rendes nem me roubas.
Pertence-te a ti a escolha de morreres no meu corpo ou
de pensar que já não sou mais eu ali.
Tapas-me os
olhos com carícias até que gema e te peça que me ames mais depressa, que te
lembres de gravar a tua culpa em mim com as minhas vãs desculpas.
Já cravada e dormindo sobre mim mexes-me no cabelo como quem ama uma miúda acabada de nascer. A quem não conheces, de quem não sabes a cor da alma.
Não sei mais o que fazer contigo... nem em que lado da cama dormir.
<< Home