Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

quinta-feira, maio 19, 2011

ESTREMECI

( "PINA", homenagem à bailarina e coreógrafa Pina Bausch, realizada por Wim Wenders )

Há bastante tempo que nenhum filme conseguia prender-me, arrebatar-me, remexer-me por dentro.

Neste filme, ou melhor, neste documentário os documentos são de tal modo belos, vivos, apaixonados e apaixonantes que ficamos com a respiração suspensa e a sensibilidade percorre-nos o corpo, varre-nos o espírito, agita os sentimentos e alimenta as paixões.

Durante os minutos em que estive naquela sala de cinema senti.

Corpos humanos, movimento e movimentos, cores; um mundo humano também de paisagens feito, urbanas ou naturais, em palcos interiores ou plenas de ar fresco.

Entra em nós uma amálgama de corpos que transmitem de tudo um pouco: contam, falam deles e de nós, do mundo, dos sentimentos comuns, da sexualidade, do conflito, da paz, da vida, de nós, de nós, de nós e do que não conseguimos dizer.

Pina Bausch foi e é dança inundada de toda a sensibilidade e paixão que pode existir dentro de um artista.

Sensações, ritmos, formas, volumes, cores, movimentos, sensibilidade, beleza, muita beleza; os ruídos, os passos, o roçar da pele na pele e o esvoaçar vivo dos tecidos, as respirações, os estertores transformam-se em eternidade.

Verdadeira dádiva aos outros da magia da dança e do afecto, conquistando espaço e tempo, destruindo fronteiras. Conquista do tempo que parece explodir a cada segundo e do prazer e sofrimento desmedido da arte e do artista. O amor tornado palpável, vivo, corpóreo.

“- Dance, dance, senão estaremos perdidos”- é o que ouvimos Pina Bausch dizer no filme.

Wim Wenders respeitou essa paixão.