Há bastante tempo que nenhum filme conseguia prender-me, arrebatar-me, remexer-me por dentro.
Neste filme, ou melhor, neste documentário os documentos são de tal modo belos, vivos, apaixonados e apaixonantes que ficamos com a respiração suspensa e a sensibilidade percorre-nos o corpo, varre-nos o espírito, agita os sentimentos e alimenta as paixões.
Durante os minutos em que estive naquela sala de cinema senti.
Corpos humanos, movimento e movimentos, cores; um mundo humano também de paisagens feito, urbanas ou naturais, em palcos interiores ou plenas de ar fresco.
Entra em nós uma amálgama de corpos que transmitem de tudo um pouco: contam, falam deles e de nós, do mundo, dos sentimentos comuns, da sexualidade, do conflito, da paz, da vida, de nós, de nós, de nós e do que não conseguimos dizer.
Pina Bausch foi e é dança inundada de toda a sensibilidade e paixão que pode existir dentro de um artista.
Sensações, ritmos, formas, volumes, cores, movimentos, sensibilidade, beleza, muita beleza; os ruídos, os passos, o roçar da pele na pele e o esvoaçar vivo dos tecidos, as respirações, os estertores transformam-se em eternidade.
Verdadeira dádiva aos outros da magia da dança e do afecto, conquistando espaço e tempo, destruindo fronteiras. Conquista do tempo que parece explodir a cada segundo e do prazer e sofrimento desmedido da arte e do artista. O amor tornado palpável, vivo, corpóreo.
“- Dance, dance, senão estaremos perdidos”- é o que ouvimos Pina Bausch dizer no filme.
Wim Wenders respeitou essa paixão.
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