Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

domingo, julho 20, 2008

POR DENTRO


E uma outra vez a casa abate sobre mim o seu vazio,
Num silêncio quase tão fresco como tu
Mas não refrescante como a brisa da noite durante o verão.

Mais uma vez o vazio percorre a casa toda
Precisando do teu cheiro para deixar de ser transparente
Presenteando sorrisos e cantares
Às horas que passamos juntos falando dos que sobrevivem fora de nós

E dos prazeres no roçar da pele,
do fluir das carnes, dos cortes dos orgãos
Marcados como pertença
Dos prazeres da confiança do amor pretendido e dado sem afago
Com a paixão que a violência, às vezes, promete a fingir,
Só para brincar com o coração do sexo.

O vazio
A sala imensa, as palavras e a língua à procura e à espera para as dizer.

quarta-feira, julho 09, 2008

MUNDO INTEIRO



Namora-me, meu amor,
Faz-me pensar que sou única
No amor e no amar
Sem antes e sem depois

Namora-me, meu amor,
Nos sítios onde não sei
Brincando com o brilho do teu olhar
E mãos cegas sentindo a pele que me toca

Namora-me, meu amor,
Para que te possa amar
Com a ternura do sempre
E a paixão do nunca mais

Namora-me, meu amor,
Esquecendo que sou a
Fiel e amiga companheira
A mãe terna dos filhos que tivémos

Namora-me, meu amor,
Suavizando as agruras dos dias
Para não perecermos cedo demais
À mão do que não queremos

Namora-me, meu amor,
Faz-me esquecer que sou triste
Quando não me encontro mais
No nevoeiro dos dias

Namora-me, meu amor,
Alegra o meu coração
doente se não te amar
descrente de tanto te ter

terça-feira, julho 08, 2008

DESESPERAMOS




Já nao és a porta por onde entrávamos
aos saltos
leves como andorinhas imaginárias
e corações acesos

Nem és mais a trave firme
em que confiava sem olhar
quando percorria os muros altos desta vida

Nem o consolo
dos meus braços nos abraços
que pensava irreais de tanto imaginar