ALICE
- O amor faz com que olhemos o mundo do alto de uma
árvore – dizia Alice enquanto nos deliciávamos com uns scones quentinhos.
- Árvore essa sempre maior que tudo o resto…enquanto
amamos. O amor faz as árvores crescerem. Sem ele as árvores nunca tocariam o
céu! – continuou.
Escreveu qualquer coisa num papel pequenino e azul, com
letras redondas e miudinhas, dobrou-o ao meio e com o seu eterno ar de menina
meteu-o discretamente no bolso.
- É para pôr debaixo da almofada do António, logo à noite…-
justificou-se meio atrapalhada.
Achei-lhe graça mais uma vez. Vejo-a como mais ninguém
consegue.
Conheço-lhe os olhos sinceros e crentes de quem ama e
acredita que tudo pode ser possível. Se não for à primeira tenta-se uma segunda
ou uma terceira vez…olhos de uma cor incerta mas com a certeza que só o amor
consegue dar.
Dizia assim o manuscrito:
“ Amor,
Quando sei que me amas
a árvore à qual pertence o ramo
onde estás sentado de mão dada comigo
cresce tanto que passamos a ver o mundo do lado do céu.
Quando deixas de me amar
A árvore nunca o toca.
Amo-te e sinto a tua falta. Volta depressa. Adorei Sintra”
A Alice é mesmo assim... sempre foi.
Vive num paraíso que todos desejamos e a que teremos
necessariamente de voltar.