PRIMAVERAS
Saberás tu porque escrevo reinventando-me?
E o que devo à vida por estar viva?
Saberás tu o quanto queria igualar-me ao som dos pássaros
nas manhãs de Primavera,
tal começo de mundos novos e sem mácula.
Saberás tu porque imagino
que o amor pode ser como o sinto
e como o queria?
É para sobreviver à mediocridade da vida
e dos amantes que me envolvem
e não me veem.
Nem se vêm amar perto da madrugada.
Saberás tu porque me agradam os sabores
fortes e doces, amargos e aromáticos
das ervas e manjares inéditos?
Porque já não suporto
o usado mascar da rotina feita vida
e do odor do parceiro feito destino.
Saberás tu porque sujo as mãos
de tinta tentando criar algo que não existe?
Para me deixar impressa,
gravada na tábua dos que viveram
sabendo que a vida se conquista.
Que é encontro quando acontece,
desencontro quando simplesmente se vive.