ONDE MORA A
FELICIDADE?
Na aula de teatro da passada 2ªfeira atrevi-me no mote para a de 4ªfeira...
Lançado que foi o repto de descobrir "onde mora a felicidade?" não há caminho de retorno. Agora aguenta-te coração que
vais falar com as tripas de fora, das tempestades em que te reconheces descrevendo a
aceitacão do que és como morada da felicidade.
Mergulho no interior desta vida
e neste ser decido
respirar
apalpando o caminho até onde moro.
Quero reconhecer-me e tornar-me parte da minha casa
porque é sempre para cá que volto:
para este corpo que lateja e onde há o compromisso
de fazer com que cada minuto tenha a importância eterna.
Respirar esse instante em que gemo de dor ou de prazer,
bem aí onde mora a felicidade,
onde a alma vibra, onde a dor e o orgasmo da vida
avançam sem a tua permissão.
Mora nas
minhas pestanas quando abro os olhos e vejo
e no coração
que sente o que me é dado a viver.
A felicidade
sente-se em casa quando o João me abraça
ou quando a
Maria se lança ao meu pescoço com um corpinho de boneca.
Quando sei
que vos tenho de uma ou de outra maneira.
A felicidade
morou e desmoronou-se
tantas e quantas vezes a tua mão pousou
na curva das minhas
ancas.
A felicidade
não se constrói, toma-se!
Torna-se
consciência de nós, na paz da ajuda,
no conseguir
chegar ao último andar
de um prédio tão mais alto que o céu!
Mora no rio
de sangue e vida que sou
e no roçar
as margens que me ladeiam
fazendo
nelas as várias casas onde pernoito
e vou
ficando.
Essas margens
são vocês, são os outros, sou eu mesma,
as coisas, o calor, as dádivas dos agasalhos,
o conforto
dos olhares sem palavras.
O rio sou
eu
e tão
naturalmente como nascer é não esperar demais
sabendo o
tanto de que sou capaz.
A casa da
felicidade é forrada da pele do meu corpo
que vai sentindo
a face que me acolhe e que beijo.
É feita com
asas para pensar e chorar a alma que construo
a cada
segundo que passa,
a cada
instante que abraço
e que prometi ser eterno.
A felicidade
mora nos espaços e instantes onde me apetece ficar…
como, por
exemplo, agora.
Mora em mim
e nas palavras de hoje quando digo que vos amo.
mora aqui na palma da mão que se estende.
Sentem-se então
comigo
e sintam-se
em casa...
..tu…e tu…também
tu…
e até mesmo tu, principalmente tu.
E a felicidade morou sempre aqui tão perto!