Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

quarta-feira, novembro 06, 2013


ONDE MORA A FELICIDADE?

Na aula de teatro da passada 2ªfeira atrevi-me no mote para a de 4ªfeira...
Lançado que foi o repto de descobrir "onde mora a felicidade?" não há caminho de retorno. Agora aguenta-te coração que vais falar com as tripas de fora, das tempestades em que te reconheces descrevendo a aceitacão do que és como morada da felicidade.


Mergulho no interior desta vida
e neste ser decido respirar
apalpando o caminho até onde moro.

Quero reconhecer-me e tornar-me parte da minha casa
porque é sempre para cá que volto:
para este corpo que lateja e onde há o compromisso
de fazer com que cada minuto tenha a importância eterna.

Respirar esse instante em que gemo de dor ou de prazer,
bem aí onde mora a felicidade,
onde a alma vibra, onde a dor e o orgasmo da vida
avançam sem a tua permissão.

Mora nas minhas pestanas quando abro os olhos e vejo
e no coração que sente o que me é dado a viver.

A felicidade sente-se em casa quando o João me abraça
ou quando a Maria se lança ao meu pescoço com um corpinho de boneca.
Quando sei que vos tenho de uma ou de outra maneira.

A felicidade morou e desmoronou-se 
tantas e quantas vezes a tua mão pousou 
na curva das minhas ancas.

A felicidade não se constrói, toma-se!
Torna-se consciência de nós, na paz da ajuda,
no conseguir chegar ao último andar 
de um prédio tão mais alto que o céu!

Mora no rio de sangue e vida que sou
e no roçar as margens que me ladeiam
fazendo nelas as várias casas onde pernoito
e vou ficando.

Essas margens são vocês, são os outros, sou eu mesma,
as coisas, o calor,  as dádivas dos agasalhos,
o conforto dos olhares sem palavras.

O rio sou eu
e tão naturalmente como nascer é não esperar demais
sabendo o tanto de que sou capaz.

A casa da felicidade é forrada da pele do meu corpo
que vai sentindo a face que me acolhe e que beijo.
É feita com asas para pensar e chorar a alma que construo
a cada segundo que passa,
a cada instante que abraço 
e que prometi ser eterno.

A felicidade mora nos espaços e instantes onde me apetece ficar…
como, por exemplo, agora.
Mora em mim e nas palavras de hoje quando digo que vos amo.
mora aqui na palma da mão que se estende.

Sentem-se então comigo
e sintam-se em casa...

..tu…e tu…também tu…
e até mesmo tu, principalmente tu.

E a felicidade morou sempre aqui tão perto!