domingo, dezembro 17, 2017
quinta-feira, dezembro 07, 2017
OURIQUE
Entraste sem pressa de fuga
sabendo de uma mão algures
à espera do contorno da tua
e de tempo para desenrolar os fios
de um entardecer.
Fazes-me acreditar que é o vento
que equilibra e desvanece o medo
nos ramos que crescem e rompem
o nosso peito ofegante
sem deixar cicatrizes.
Entraste e trouxeste nevoeiro
entardecendo mais este domingo
em que uma ave te falou ao ouvido
bebendo a loucura da paisagem
que desalinhas com o olhar.
Guardo agora o que de ti não reconheço
como se fossem três lágrimas
transparentes e trespassadas
na imensidão da luz que enche o ar
e daquilo que não me sentes.
Porque a imaginação
é onde começa o atrevimento
e a chave está sempre debaixo do tapete
da porta de entrada.