DESPEDIDA
Despi-me de aconchegos antigos,
separei-me do medo das adivinhas
para ser sozinha ante os teus braços
que se abriram à nudez dos cheiros
e aos sons dos olhares.
Agora tem sido assim…
todos os dias, em qualquer lugar,
em qualquer cor ou som te encontro,
reconheço a tua ausência
e acarinho-me sem estares.
O teu ombro não me apoia,
nem os meus lábios te tocam.
E o encontro, esse…
continua a ser feito de enormes silêncios sem pele
e dos espaços entre as palavras.
A melancolia acolhe-se nas mãos vazias da tua
e noto algo cá dentro que pergunta porque
me roubaste o silêncio
sem me devolveres nada
e meros ruídos sem som.