sexta-feira, janeiro 25, 2013
quinta-feira, janeiro 24, 2013
ENCONTRO VENDADO
No início os meus
olhos encontraram
melodias gravadas enamorando-se.
Encaminharam o sentir para a alma que ficou contente.
Tentei aninhar-me no teu mundo para ver e
sentir mais.
Para te reconhecer, para também te olhar com os olhos,
para te sentir
nas palavras e nos sons mudos
que tanto me
ensurdecem.
Acredito que
deveria saber quem és,
mas o teu
nome nada me diz.
Nada mais para além do
que sinto, oiço, vejo
e desenho com letras.
Foi assim
que aconteceu.
quarta-feira, janeiro 23, 2013
segunda-feira, janeiro 21, 2013
"Um poema é um desenho sem sons"
Joana Quinta
E o que veem neste video também pode ser um poema!
Espero que apreciem.
Firewall from Aaron Sherwood on Vimeo.
terça-feira, janeiro 15, 2013
terça-feira, janeiro 08, 2013
ENTREGA
Entras em mim como uma entrega urgente,
sem muros, sem instantes de espera,
acendendo e incendiando-me
como se tudo fosse teu.
Tenho ganas de asas novas
partindo para o céu perdido do nome,
voando à frente de mim no feitiço das tuas mãos.
Sem voz salta-me um beijo de repente
ao encontro de uma língua húmida dos desejos fundos.
E a cada entrada tua
nasce uma nova nascente
a sul das minhas ancas.
PONTES
Antes de ti não era fêmea
e não tinha número na porta.
Antes de ti não era fêmea
e não tinha número na porta.
O sangue fervia-me nas veias
só à passagem do que era ser mulher.
Batia compassado o coração, certo, por vezes avulso.
Antes de ti era crescida,
não tinha medo, respirava todos os dias
e as partes de mim eram minhas.
E o que ficou?
O teu molde ou o teu sangue a correr e a bater-me nas veias?
O teu sangue não e o teu molde desfaz-se quando se agarra.
Ficou a memória a meio caminho de um beijo
e de uma desculpa não dita
guardada no lugar das coisas lentas,
a meio da ponte, a meio de mim.
ARAMES
Cheguei e não havia entrada.
Lá fora a noite à espera,
na minha voz a carícia na tua nuca pedindo para entrar.
Do deserto só trazia terra vermelha
e os teus pés enterravam-se em granulado de raiva, rancor e segredos.
O teu corpo estava engolido pela sombra
que se desagregara das rochas da parede
e o que restava não era nada para além das pegadas erradas que se escreveram em cor de sangue da terra de onde vinha.
Cá fora estava menos escuro, lá dentro não tinha de ser assim o breu e o frio onde passaste a esconder-te.
Os teus dedos estavam compridos e os teus lábios abertos à espera
de roubar as flores que carregava em lugar escondido da escuridão de ti.
Nos desenhos e nas palavras escritas nas portas que não abrias
havia uma estrada estreita cheia de velhos nus pintados no teu corpo.
Dou-te a imagem que me deixaste ver de ti.
segunda-feira, janeiro 07, 2013
DANÇAR
Ao de leve, quase sem notar,
pegaste-me na mão
e lá fui eu atrás do teu
desejo de rir.
Levaste-me a dançar na tarde que falou de mim,
que se lembrou que estava rouca de silêncio.
Não te reconheci a cara mas senti os meus olhos
e o cheiro conhecido que trazias na alma.
Baralhaste tudo, tornaste a dar e as cartas estão espalhadas
aos meus pés.
Pensei que sabia tudo de cor
e agora torço as mãos uma de encontro à outra
como se esperasse um exame para o qual não estou preparada.
Se estender as minhas mãos para ti e soltar, enfim, a poesia
passarás a saber de cor as minhas mãos cruzadas entre o
silêncio do nada e o bater de um coração.
Ris-te, fazes-me cócegas com os olhos e ouço os teus
pensamentos como se me abraçasses às escuras.
Rio alto contigo sentindo a dor das ausências.
sábado, janeiro 05, 2013
PARA TI O MEU SORRISO
MEMÓRIA- 3 de Janeiro
Sei-te espalhada
por todos os ventos, todos os suspiros de alegria e de dor que por aqui
continuamos a passar. Continuo a saber o gosto da ausênsia e da falta. E a saber o quanto gostavas do meu sorriso.
Este dia era tão nosso recordando a cumplicidade de
sentimentos. Só tu entendias quando falava do outro amor. Também me explicaste que ninguém o entenderia facilmente.
Sei que me lês mas se soubesse que partirias naquela noite teria estado contigo, de mão dada, apesar de saber que irias solitária. Acredito que nada impediria que embarcasses mas estaria lá como sempre. O teu "anjo da guarda" terrestre!
A vida tornou-se em mais um adeus.
(…) Falo do
outro amor, capaz de sacrificar todas as possibilidades de quem o sente para
que o inferior não fique na sua inferioridade, do amor que se sacrifica por
aqueles que parecem não ter mérito algum. (Ag. da Silva – Uma Antologia, pág.
125)