DESEJO
(SILÊNCIOS)
A língua lambe a linguagem
como a um desejo,
cobre-a com melodias sem gosto
consolada do inverno que sobe
a namorar-me as pernas
e a entrada das entranhas
num mundo enigmático dos tais
mistérios
do tempo que agora
é apenas o enigma da tua boca.
Quero deixar de escrever
mas demoro-me lá mais
que a um de nós por fora,
como a tua queda cá dentro
tivesse sido hoje.
Descalça no tapete
colei a imagem reflectida
passos
que voaram na inocência louca da ansiedade.