Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

sexta-feira, julho 29, 2011


ATÉ JÁ

" Não me digas adeus.
Adeus é a despedida para quando alguém morre.
Diz-me até logo!"


Foi o que me disseram esta tarde.

Até logo!

sexta-feira, julho 22, 2011


MÃOS NOS BOLSOS

Rodrigo Leão, Rosa Passos - Rosa

Trago no bolso músicas, canções, poemas... esta é uma de muitas outras.

quarta-feira, julho 20, 2011

MURMÚRIO

No rosto das mãos

nenhum reflexo encontro

além de um lento murmúrio do mar.

Pudesse eu um sorriso

e descalçaria no fundo das águas

o eterno nevoeiro das manhãs.

Arranca-me do pulso o relógio parado

e leva-o contigo

marcando o tempo que já não existe.

Depois, larga-me no apeadeiro mais próximo.

terça-feira, julho 12, 2011

VOOS
( de portátil na bagagem)

Deixaste-me entrar no teu refúgio e tornei a ouvir o silêncio.

Nasceu-me um pássaro por entre as mãos.

Longe da perfeição desejada não levantará voo tão já.

O tempo mostrará a certeza e voará na direcção do azul.

De asas abertas trará sempre melodias no bico das manhãs.

Escreverei poesia no seu dorso sabendo que pousará lentamente

neste fio de luz que passará a aclarar as noites.

sexta-feira, julho 08, 2011

PARTIR(-TE)


Encenaste alguma translucidez, nunca transparências.

Para quê? Ficaste algures onde perdeste a frontalidade passando a ser igual a todos.

O mundo é pequeno e o que pensaste translúcido e pouco visível abriu-se mostrando realidades.

Não valia a pena teres encenado o óbvio, a traição, a falta de coragem, a falta de verdade, a tua falta de espinha dorsal .

A cidade encenou transparências e encerrou-as.

Fingiste brindar à perda agarrando o cinismo nesta manta de destroços em que o futuro foi adiado para o nunca.

Foi uma história igual às outras

só restando a claustrofobia de quando o elevador pára entre dois andares.

Mas lá dentro há sempre um espelho:

para compor o casaco e esconder o que não é bonito.

Estes foram dias de descobrir transparências. As tuas.

Foram dias de me abandonar nos passos.

Já tenho pretexto para abandonar a cidade e partir.

domingo, julho 03, 2011

SEM PRESSA

Entraste sem pressa de fuga

sabendo de uma mão algures

à espera do contorno da tua

e de tempo para desenrolar os fios

de um entardecer.

Fazes-me acreditar que é o vento

que equilibra e desvanece o medo

nos ramos que crescem e rompem

do nosso peito ofegante

sem deixar cicatrizes.

Entraste e trouxeste nevoeiro

entardecendo mais este domingo

em que uma ave te falou ao ouvido

bebendo a loucura da paisagem

que desalinhas com o olhar.

ENTRE ESPAÇOS

Ainda há espaços onde apetece ficar.

Rebuscando nos bolsos encontro mais do que pacotes de açúcar,

apetecendo-me voltar.

sábado, julho 02, 2011

LUZ


Se nunca pararam
na sossegada claridade
das palavras dos outros,
não suspirem contra a vida.

Se conseguem viver
deixando passar ao lado
os outros lados
das vidas dos outros,
não se queixem
da pobreza enorme que nascerá,
como um buraco vazio, no sítio da alma.