Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

terça-feira, julho 20, 2010

SOLIDÃO ENVELHECIDA

Corredores imensos.
As cores que pairam ainda na minha memória são o verde, o cinzento e o branco. Largas portas escancaradas de ambos os lados dos corredores como se fossem espelhos, sucediam-se ininterruptamente à medida que avançava com passos aparentemente firmes.
Impossível não ir olhando para todas as enfermarias à procura da cara dela, de reconhecer a sua silhueta deitada numa das camas brancas ladeadas por grades metálicas.

Corpos. Alguns nus, despidos de roupa e de tino, lentificados ou adormecidos eram os fantasmas habitantes daquela imensa ala de solidão.
Como estaria ela? Como a iria encontrar?
A ansiedade misturou-se com os fantasmas envolvendo-me até à exaustão.

Aquelas personagens, que afinal somos todos nós já envelhecidos, passeavam-se pelos corredores dirigindo-se a mim com olhos parados e mortos de sentido.

Onde estariam? Por onde andariam os seus pensamentos se tão longe estavam os seus corpos dos entes queridos?

quinta-feira, julho 15, 2010

ACROBATAS

Todos podemos ser especiais...como se estivéssemos num circo circundados de estrelinhas luzidias e de holofotes que nos cegam. Basta sermos tocados por alguém com arte para descobrir os nossos mistérios. Dessa maneira tornamo-nos realmente especiais, pessoas diferentes aos olhos de quem nos devolveu a alma.
Mas poucas são as pessoas que sabem que o valor da vida do outro está em prendermos o seu mistério tornando-nos acrobatas da sua alma.