Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

segunda-feira, agosto 14, 2006

MOMENTANEAMENTE ETERNO





NA CURVA ESCONDIDA DO TEU SEIO DESNUDADO
ENCONTRO-ME SERENO NA DIMENSÃO DAS NOSSAS MADRUGADAS
E PERGUNTO SE A MÃO QUE CURVA A TUA ANCA É MINHA.

SERENA, DORMES DEITADA SOBRE AS PALAVRAS QUE DISSEMOS À CHEGADA
OUVINDO NOS SONHOS QUE OUSAS
AS QUE NUNCA TE DIREI.

SENTO-ME E AFASTO OS PENSAMENTOS INSEGUROS DESTE AMOR GRANDE
POIS A LUA NOVA JÁ NÃO VOLTA
ANTES DOS OUTROS CICLOS SE INSTALAREM NO TEU VENTRE.

NÃO OUSO CONTAR OS MEUS SONHOS CHEIOS DE SOMBRAS DO PASSADO
POIS NA TUA MÃO REPOUSA AGORA O MEU CORAÇÃO.

O TEU NOME SEI-O DE COR
TÃO CHEIO DE COR O TEU DESEJO
QUANDO ME PEDES QUE TE ENSINE O QUE APRENDI ANTES DE TI.

"NADA...!"- RESPONDO-TE
NADA APRENDI VERDADEIRAMENTE ANTES DE TI.
TUDO O SOMOS É NOVO, É NASCIDO AGORA
AINDA CHEIRA A ORVALHO COMO SE O NOSSO DIA COMEÇASSE SEMPRE HOJE.

HOJE NESTE MOMENTO QUE SEI
MOMENTANEAMENTE ETERNO.


domingo, agosto 13, 2006

FÉRIAS



Li há pouco uma amável mensagem.

Dizia mais ou menos isto:" Há semanas que não publicas nenhum post e eu estranho ...
... começo a recear. Faço votos para que esteja tudo bem contigo e, se assim for, agradeço-te que me "desinquietes".

Pois bem, aqui vai a explicação agradecendo em simultâneo : Férias!
Finalmente entrei de férias e desde essa data só agora tive acesso a um computador...não é meu mas leva-me até onde quero estar agora.

Infelizmente Espanha estava a arder. Os incendiários também chegaram à Galiza: estradas cortadas, cinza, fumo, ar irrespirável, um cheiro a queimado que nos torra a alma e embora os galegos tentassem prosseguir com a eficiência com que abraçam os turistas tornou-se impossível descansar nas Rias Baixas. Paciência, muda-se a rota.

Abre-se o mapa ( uma especialíssima edição anotada!) e ruma-se à costa das Astúrias.
Má escolha. Na vida nem todas são as melhoras, as boas, as acertadas. Desta vez foi tipo jogo de euromilhões: ou não sai ou vai parar a outro país!

A costa das Astúrias nada tem de fantástico ou sequer parecido com a Galiza. A paisagem é bonita. Mas fracos os hoteis, fracas as praias, restaurantes desajeitados e uma nota péssima para as casas de banho das "áreas de serviço"- nada têm a ver com as nossas e com a cadeia de restaurantes e serviços espalhados pelo nosso país paralelemente com o recurso ao combustível. Em alguma coisa somos melhores que os "nuestros hermanos", não?

De facto, é tão incómodo e pouco reconfortante fazer milhares de kms sem uma casa de banho ou um hotelzinho decente! Encontrei quase tudo: desde um WC de senhoras duma ranhosa bomba de gasolina espanhola cujo único "equipamento" era um rectângulo em cerâmica ao nível do chão com um buraco no meio e dois pés desenhados de cada um dos lados do mesmo, até à enganosa sinalização da existência de postos de abastecimento de combustível na realidade desactivados!

Mas acabei no "Paradoro de Trujillo", tendo antes passado pela bonita vila de Tordesilhas- pretexto para uma lição de História à rapaziada- onde ficaria muito mais tempo se não recomeçasse a perseguição dos incêndios! Parecia maldição. O cheiro a queimado fez-se notar novamente. Desta vez em Cáceres...Pronto, desisti! Achei que algo me empurrava para voltar com tantos fogos e incendiários a lembrarem-me Portugal.

Mas as férias continuam, graças a Deus!