Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

quarta-feira, novembro 09, 2011

RACONTEZ MOI UN BIJOU


Nada é estático.
Tudo é dinâmico
A vida é um somatório de situações
em permanente evolução.

A vida não passa por mim
como um nevoeiro que me envolve
e que eu não consigo agarrar.

A vida é a consciência das situações
que eu crio através do tempo.

A vida também é a angústia do desejo
não realizado
das mãos dadas com medo,
dos olhos que falam por mil bocas.

Eu não passo no tempo.
Não posso porque sou feita dele,
a minha consciência é a minha realidade.

As horas, os minutos, os segundos: gaiola dourada da humanidade.
Às vezes, passo por ela como por arame farpado, ferindo-me.
Outras não.
É o meu tempo.
A minha consciência, como se fosse o vento,
sabe que pode passar por ele.
FIOS

Trocámos beijos
trocámos desejos
inventámos caminhos
e vestimo-nos com as cores um do outro.

Trocámos desejos
inventámos beijos
trocámos peças de roupa
e despimo-nos sempre que as cores pediram.

Trocámos caminhos
inventámos desejos
trocámos de cores
parindo as emoções com sabor a fruta.

REGRESSO



Transporto o olhar a perder-se,
nos recantos do sentir.
Levo-o de cá para lá e de lá para cá
sabendo que os olhos não irão parar.
Os sonhos são contados pelo tempo do relógio
trazendo aos olhos os sorrisos,
os cheiros, as horas de distância,
lembrando o desassossego.

Antes a dor fazia-me escrever 
a esperança e a solidão
dançando com as palavras
para acalmar o sofrimento.

Agora sento-me em frente à porta
adormecendo os sentidos,
e entra sempre um regresso de mim
e de todas as horas perdidas
com quem atraiçoou, mentiu, omitiu,
descobertas que o tempo me revela a cada dia, 
sem eu nada procurar.

De novo uma ausência acontece
como nascem os dias e chegam as noites
e sem permissão para entrar
percebi que sei dizer adeus
pegando outra vez nas palavras
para saber o que quero de mim
perdendo-te no olhar.

Esta noite já não carrega
a distância
porque as palavras esvoaçam
e sabem dizer que não.

segunda-feira, novembro 07, 2011


SÍTIO MEU




A canção que me vai nos lábios
é como escrever-te um poema
com duas linhas do céu
numa folha seca
com uma meia-lua
e nenhuma gota de chuva a lamber os vidros.
A rota das mãos afunda-se
e a porta fica aberta
Que sítio seguro pode ser esse
onde estaciono o coração?
PLANETA AZUL

Ainda não sei o teu nome, nem sequer onde moras. Mas conheço a cor da tua alma. Assim, sentir-te-ei sempre que te aproximes mesmo antes de bateres à minha porta.

sábado, novembro 05, 2011

VIAGEM AO ALENTEJO


( OU DE ONDE VÊM OS BÉBÉS!)



Ninhos, ninhos e mais ninhos. Cegonhas sentadas em ninhos. 
Esperando, chocando, criando vida. 
Passo na estrada e quase todos os postos de electricidade, chaminés, torres de igrejas, ameias de monumentos, servem para a tecelagem dos famosos ninhos das cegonhas.
Passei pelo Alentejo, continuei pelo seu interior adentro e inevitavelmente entendi por que razão antigamente nos diziam que os bébés eram trazidos por cegonhas!

quinta-feira, novembro 03, 2011

COM ASAS


Querida

Entrar na vida de alguém é um milagre sem passado. É expor-se, descobrir-se e às verdades que escondemos de nós próprios.
É abrir mágoas que queremos longe. Reconhecer-nos novamente.
É voltar a amar. É a nossa viagem, podes abrir as asas novamente.

quarta-feira, novembro 02, 2011

ADEUS - PALAVRAS GASTAS



Tomara que o MárioViegas fosse vivo para que um dos meus poemas ganhasse vida.