domingo, abril 29, 2012
sexta-feira, abril 27, 2012
PALAVRAS EDITADAS
Conheci pessoalmente a Maria Elisa Domingues através de um amigo comum. Tinha dela a imagem que transparece na televisão.
Inicialmente por motivos profissionais passámos horas juntas. Lado a lado, sentadas no sofá ou à mesa da sala conversámos horas a fio, algumas vezes sobre trabalho e outras tantas sobre segredos e confidências várias.
A televisão transforma as pessoas. A Maria Elisa revelou-se alguém com quem é agradável e saudável conversar. Uma mulher sensível e simpática.
O chá, que íamos bebendo, transformava-se em rios de palavras, de letras, lembranças com lágrimas ou gargalhadas.
Os meus relatos, as minhas experiências, as minhas sensações, as gargalhadas e as lágrimas estão pelo seu livro adentro, assim como a referência a este blog onde me debruço e me verto, tantas e tantas vezes, ensaiando a vida.
Foi muito gratificante trabalhar consigo, Maria Elisa. Ver-nos-emos certamente em Maio no lançamento do livro.
quarta-feira, abril 25, 2012
ADENTRO
Se não sei mais o que tenho vivido
Se não sei mais o que tenho vivido
é porque os meus olhos não te veem
e o meu coração não vem de volta,
mesmo esfumado pela auréola do tempo.
Enlaço os riscos gravados ao lado do teu coração
e se não ouves mais os meus passos,
o silêncio dos tecidos escorregando no chão do quarto quando me deito
é porque os teus olhos nunca entenderam o que viam.
Auroras jazem sobre folhas secas e amarelecidas pela espera,
esperança vã das pronúncias
e das esferas de cobre que reuníamos como astros no tecto do quarto.
Com o dia vinha a inocência e o acreditar que o projecto
iria desnudar-me pelo chão
fosse em que terra fosse,
fosse em que casa fosse,
estivéssemos no inferno do desejo ou no céu do carinho.
Do ventre nasceu sangue de te saber fora dele.
Das mãos soaram gemidos por te saber com terra sem chão.
Despi-me por dentro e despedi-me
das roupas que desnudam o sufoco
por mais que te queiram com histórias de paixão,
doçura e gemidos entre as mãos .
Nesta roda a dança do tempo construirá a casa, o chão, o quarto, o desejo
e o caçador de ruídos e cores,
como se a vida dependesse da luz que aprendemos do céu,
e o fluir do teu sangue
dependerá das voltas dos teus olhos
na maciez da minha pele.
DIA DE CHUVA
Hoje
o sol brilha menos,
o céu não parece azul
e a solidão instalou-se
no teu nome.
Hoje
a música ficou por tocar,
o livro ficou aberto na mesma página
e o café na chávena do costume.
Hoje
o amor mudou de nome,
o abraço sentiu o ar morno da tarde
e as lágrimas sentiram a falta das mãos.
O hoje
chamou-se simplesmente hoje,
sem esperar o amanhã.
o sol brilha menos,
o céu não parece azul
e a solidão instalou-se
no teu nome.
Hoje
a música ficou por tocar,
o livro ficou aberto na mesma página
e o café na chávena do costume.
Hoje
o amor mudou de nome,
o abraço sentiu o ar morno da tarde
e as lágrimas sentiram a falta das mãos.
O hoje
chamou-se simplesmente hoje,
sem esperar o amanhã.
terça-feira, abril 24, 2012
SEGREDO (3)
"Querida,
"Querida,
Com a noite chegam os medos. A vontade de morrer.
A vontade de pedir perdão por todos os pecados do mundo.
Tem de existir perdão para os pecados.
Tem de existir pena para cumprir pela culpa.
Tem de haver castigo que te traga de volta.
Tem de existir forma de expiar esta angústia e dar-me os teus abraços de novo.
Tem de haver um caminho que me mostre novamente os teus olhos.
Por favor, diz-me como, porque sem ti nada faz sentido."
(para bem perto do coração de quem sempre amarei)
SEGREDO (4)
O nosso amor é um jardim ao abandono,
onde os pássaros se calaram
e as flores perfumadas deixaram de ser eternas.
Por ele vagueia a nostalgia
sem saber onde se aninhar.
Anuncia-se uma Primavera rigorosa lá fora.
Sinto o seu chamamento, perdido na chuva
que cai bruscamente sobre o meu corpo
voltado para Sul.