"- Acho que devemos aproximar-nos devagar, para que não tornemos a magoar-nos. Ainda está tudo muito recente...a nossa zanga, a separação, as mágoas, as acusações, os erros, os fossos de desconfiança que se abriram em cada um de nós."- respondeu-lhe apesar de não tirar os olhos da sua boca desenhada.
"- Então não me beijes, por favor. Não me recordes o sabor dos beijos. Prefiro ficar no meu canto sossegada, quieta, com a felicidade que tenho construído com o que me cerca e sei ser a realidade com que conto." - Meg levantou-se afastando-se um pouco mais dele.
"- Estamos muito fragilizados e feridos. Agimos como se nos desconhecessemos totalmente. Como se os anos que passámos juntos fossem meros ensaios para um voo que não teve sucesso. Ensaios e mais ensaios vividos com um amor imenso, uma partilha de emoções, de sentidos e de sentir."- confirmou Mathew como se conseguisse ter força para não tocar em Meg.
"- Pois, eu sei...recordo e continuo com saudades do sentir, do tocar...e dos beijos sem fim, vertigens dentro de um mundo especial donde nunca voltávamos iguais."- relembrou sentando-se numa cadeira de braços ao pé da secretária.
Mathew tinha-se levantado e contornando a cadeira tocou-lhe no pescoço, na pele branca já sem pistas deixadas pelo sol de um verão passado. Meg sentiu-se estremecer como se não conhecesse aquela mão, como se nunca tivesse estado nua em frente aquele homem.