Escrever histórias 100 palavras

As histórias fazem parte do nosso universo, mesmo quando já somos crescidos por fora. Escrever histórias é uma das formas de conseguir sobreviver ao mundo dos crescidos. Helena Artur é o pseudónimo da Joana Quinta

quinta-feira, abril 30, 2009

A VIDA NÃO É UMA LINHA RECTA (parte I)

Quantas linhas traçámos ao longo da vida, marcando começos, trajectórias e recomeços? Todas feitas com régua e esquadro, direitinhas, tal e qual imaginadas e delineadas na perfeição do pensamento. E assim as fomos trazendo a reboque até percebermos que a vida não é uma linha recta.
Fomos descobrindo que, afinal, a linha recta é curva...e tem variadíssimas "barrigas", vergando para a direita e esquerda ao longo da estrada. Ou ainda que nunca foi nada recta, mas sim que nasceu curva e se foi recurvando consoante os caminhos que, entretanto, entrecruzaram os planos iniciais .
Esta é, sem dúvida, uma das lições que a vida nos dá bem como aprendermos a coragem para sermos felizes.
A vida nunca será uma linha recta.



" - You could´ve asked, Dennys.

- I did. She said yes."

(Out of Africa)

sexta-feira, abril 10, 2009

A DESCIDA DA CRUZ


"A descida da cruz" (1435) de Roger van der Weyden


Celebrando a Paixão e Morte de Jesus o dia de hoje, Sexta-feira Santa, é dia de silêncio, jejum e oração para os cristãos.
De norte a sul do país as procissões multiplicam-se. Uma delas, a procissão do Encontro, momento em que Maria, mãe de Jesus, se encontrou com Cristo no Calvário sempre me sensibilizou.
Maria terá percorrido nos primeiros anos do cristianismo, por várias vezes, o caminho que Cristo fez entre a casa do romano Pôncio Pilatos até ao Calvário, devoção que terá sido adoptada pelos peregrinos que visitavam Jerusalém.

Páscoa é também uma oportunidade: meditar, tentar perceber a diferença entre o importante e o acessório, perceber significados e guardar silêncio.
É mais um momento para o lavar das almas.

Visitando há dias o Museu do Prado “A descida da cruz” de Rogier van der Weyden foi uma das obras que mais me impressionou.
A dor que esta obra transmite é incrivelmente forte. Grita-nos aos ouvidos de tão estampada na expressão facial e na postura dos corpos.
O corpo de Jesus revela-se exactamente com a mesma curvatura no desfalecimento que o de Maria. Ele nasceu dela, e ela desfalece na morte d'Ele. A dor dela seria sempre a mais forte, a mais parecida com a do sacrifício d'Ele.

Não, hoje não é Dia da Mãe. É dia da Paixão e Morte de Jesus. Amanhã será um sábado de Esperança aguardando a Ressurreição do Senhor. Mas Maria, a mãe, no dia da morte do Filho de Deus não sabia que ao terceiro dia Ele ressuscitaria e a sua dor foi certamente uma pequena morte. Como pintou van der Weyden.